Por José Luiz Bednarski em Sábado, 27 Novembro 2021
Categoria: O Quinto Poder

A terceira via

Desde que o mundo é mundo, a maioria é formada por cidadãos indecisos. Foi aí que surgiu a necessidade da terceira via. 

O resultado da última eleição presidencial refletiu a polarização do eleitorado entre duas formas absolutamente distintas e distantes de pensamento político.

Todavia, desde que o mundo é mundo, a maioria é formada por cidadãos indecisos. Foi aí que surgiu a necessidade da terceira via, para quem não sentiu firmeza no militar messiânico e no sindicalista polêmico.

Até o instante, o nome mais viável para personificar o 'tertium genus' é o do magistrado especializado em lavagem automotiva, que chegou prometendo fazer uma faxina no Brasil.

O atual mandatário supremo reza uma cartilha ideológica bem definida em seus princípios conservadores e conta com um rebanho de seguidores aguerridos, contudo derrapou na economia inflacionária e em concessões aos corruptíveis do universo político.

Já o representante da resistência tem como cartão de visitas muito carisma terceiro-mundista e sua empatia administrativa com os brasileiros mais desfavorecidos, porém apresenta entraves éticos aparentemente incontornáveis.

O salvador da pátria alçado à terceira opção ostenta em seu favor capacidade intelectual e formação acadêmica acima da média, no ringue da política. Entretanto, sua controvertida saída do governo faz a plateia lembrar dos olhos de Capitu.

Tanto esforço por nada. Seja bom ou ruim, é bem capaz que o vice assuma em definitivo, durante a gestão. A História mostra isso. Mortes, impedimento político, condenações criminais são rotina no panorama da Nova República.

A República é sempre nova, ao menos na nomenclatura. Já tivemos a República Nova. Agora temos a Nova República. A ordem dos fatores não muda o resultado, que sempre deu negativo. Entre um arremedo de democracia e outro, golpes de Estado e ditadores grotescos.

Enquanto o mundo progride vertiginosamente, a democracia por aqui amadurece a passos lentos e o Brasil cai nos rankings. Boa ou ruim, com mais de 115 emendas, a Constituição atual superou a expectativa média de vigência republicana.

Está mais para demagogia que democracia, mas assim permanecerá enquanto houver quem acredite no sistema ideal de homens educados como a Terra Prometida.

Urna após urna, a utopia republicana mostra cada vez mais sua face verdadeira, a que José Padilha carinhosamente apelidou de O Mecanismo. 

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