Por José Luiz Bednarski em Sábado, 10 Setembro 2022
Categoria: O Quinto Poder

A morte da rainha

A monarquia preserva tradições e isso gera confiabilidade. Boa parte delas está ligada à origem religiosa do sistema.  

Na última quinta-feira (8), a opinião pública foi abalada pela morte da Rainha Elizabeth II. Ao contrário das disputas partidárias republicanas, a figura real representa unificação, o que ficou bem claro na comoção gerada pela notícia, em todos os espectros políticos.

A monarquia preserva tradições e isso gera confiabilidade. Boa parte delas está ligada à origem religiosa do sistema, que se expressa até mesmo na escolha de nomes tradicionais (como Elizabeth ou Isabel, que nas linhagens dinásticas é o mesmo nome).

Muitas vezes os nomes compostos são praticamente infindáveis, com referências a santos, anjos, padroeiros e homenagem à memória de antepassados. Quem traz consigo nomes de tradição tem o dever de zelar pelo bom conceito deles.

A Rainha, como qualquer governante desse sistema, também representa a continuidade nas políticas de Estado. Nada de mudar de rumo a cada quadriênio e, no fim das contas, não sair do lugar. Elizabeth encontrou-se com 14 presidentes americanos, e de quebra com o Rei Pelé, em visita ao Brasil, em 1968, época do auge do atleta.

Enquanto as repúblicas primam pela instabilidade (a francesa já é a sexta, no Brasil também), a figura real proporciona estabilidade institucional. Enquanto os políticos e politiqueiros entravam e saíam (alguns mais perdidos que cego em tiroteio), a Rainha estava sempre lá, por dentro de tudo.

Nas monarquias modernas, o monarca não reina absoluto. Ele nem administra, quem o faz é o primeiro-ministro, escolhido pela maioria parlamentar. Ser 'Rainha da Inglaterra' virou sinônimo de poder esvaziado. Mas na hora do vamos ver ela estava sempre lá.

A Rainha não foi eleita pelo povo, mas defendia os súditos dos maus políticos escolhidos nas urnas, como de fato o faz todos os chefes de Casas Reais, amparados em poderes constitucionais moderadores.

As mais recentes restaurações monárquicas ocorreram na Espanha (1975) e no Camboja (1993). A medida trouxe melhorias para ambos os países.

O contrário também acontece: no ano passado, Barbados trocou a 'Commonwealth' pelo regime republicano. Em menos de uma temporada, já entrou em crise econômica.

Mas teve benefício - o novo governo homenageou a cantora conterrânea Rihanna. 

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