'Golpe do Baú' se passa na década de 1920, quando, nos EUA, havia a 'Lei Mann', temida.
Warren Beatty e Jack Nicholson num mesmo filme? Resultado: intersecção de comédia, drama e suspense, que apertam as mãos em 'Golpe do Baú' (1975), produção deliciosa dirigida por Mike Nichols ('Quem Tem Medo de Virgínia Woolf', 1966, 'A Primeira Noite de um Homem', 1967, 'Closer: Perto Demais', 2004).
A fita foi segunda da parceria dos quase xarás de sobrenome Nicholson-Nichols (estreia foi em 'Ânsia de Amar', 4 anos antes – teriam mais duas pela frente: 'A Difícil Arte de Amar', 1986, com Meryl Streep, e o fraco 'Lobo', 1994, com Michelle Pfeiffer).
'Golpe do Baú' se passa na década de 1920, quando, nos EUA, havia a 'Lei Mann', temida, que proibia transportar mulheres de um estado ao outro em veículos coletivos com 'fins imorais'. Um homem que desejasse fugir com uma dama, por exemplo, e não quisesse se casar com ela – e fosse apanhado – estaria em maus lençóis (condenação à morte não estava descartada).
Para burlar isso, Nick (Beatty), recém-separado – mas não divorciado oficialmente – e envolvido com Freddie (Stockard Channing), de família rica, pede que Oscar (Nicholson), um moleirão, case-se com a moça no papel. Assim, poderiam ir a Los Angeles e viver felizes para sempre. Eles 'se casam' e o trio viaja junto.
Os problemas começam quando o 'marido' exige atenção de Nick e quer os direitos (!) como esposo. No meio dessa situação, a donzela se exaspera e desconfia ao notar que os trapaceiros querem sua herança. Ao ameaçar doar os milhões à caridade, ela se vê em perigo com 'planos mirabolantes' de Oscar e Nick a liquidá-la.
Por incrível que pareça o forte não é a batuta de Nichols, mas o roteiro de Carole Eastman, que também tem trabalhos com Nicholson – o excelente 'Cada um Vive como Quer', 1970, e o esquecível 'Cão de Guarda', 1992. Com história ágil e conexões bem-ajambradas, 'Golpe do Baú' tem refinado humor negro e, nos atores, banho de entrosamento (Stockard ficaria conhecida 3 anos depois na participação em 'Grease: Nos Tempos da Brilhantina', na pele da assanhada e ousada Rizzo), com dom apurado para fazer rir e chorar de dó quase simultaneamente. Duração: 88 minutos. Cotação: bom.