No script, 3 amigos são confundidos com ladrões que roubaram uma diligência – um foi capturado e enforcado.
A parceria de Monte Hellman com Jack Nicholson, nos anos 60, rendeu 2 filmes de faroeste, estilo em moda na época. Um deles, 'A Vingança de um Pistoleiro' (1966 – na íntegra no youtube), foi dirigido pelo 1º, roteirizado pelo 2º e produzido por ambos.
No script, 3 amigos são confundidos com ladrões que roubaram uma diligência – um foi capturado e enforcado. Alguns justiceiros, liderados pelo xerife local, começam a perseguir o trio de inocentes, enquanto os culpados se escondem numa pequena cabana, onde um está gravemente ferido.
Com tons intimistas, climas tensos, longas cenas silenciosas e fotografia bem trabalhada, o resultado da fita é satisfatório, apesar de copiar determinados pontos dos westerns (excesso dos tiroteios, por exemplo) e com a parte do elenco jovem tentando passar a impressão de ter uma experiência que ainda não possuía.
Nicholson, por exemplo, chegava à primeira década da carreira, estava com 29 anos e recebeu aproximadamente 700 dólares pelo trabalho. O longa alterna bons e maus momentos e recupera fôlego quando Wes (Nicholson) e Vern (Cameron Mitchell) se escondem na casa de uma família, cuja filha Abigail (Millie Perkins – 29 anos em 1966, a personagem tinha 16 e ela convenceu, com sua 'cara de passarinho medroso' e corpo de aspecto frágil) se mostra solidária com os fugitivos.
O destaque no cast é Harry Stanton, que interpreta Dick, um dos verdadeiros bandidos, e encarna o mal autêntico com seu tapa-olho significativo. Para a turma 'antes dos 30' de 'A Vingança do Pistoleiro' a década de 1960 foi a fase de experimentações.
Nicholson alternou produções cômicas 'trash' e terror engraçado, com Roger Corman no comando ('A Pequena Loja dos Horrores', de 1960), obras 'fora da caixinha', com temas psicodélicos e velocidade de carros ('Easy Rider', de 1969), e os bangue-bangues à 'macarronada italiana'.
O escritor Ruy Castro tem uma teoria com a qual concordo, olhando a história, que explica estes testes 'procurando afirmar' a carreira dos atores: os anos 60 'não existiram' – de 1961 a 1965, diz ele, 'ainda estávamos na década de 1950'; de 1966 a 1970, 'não sabíamos, mas já vivíamos nos anos 70'. Duração: 82 minutos. Cotação: regular.