Sintomas podem estar relacionados a doenças graves, como câncer, alerta especialista do Hospital Paulista de Otorrinolaringologia.
A qualidade da voz pode afetar, e muito, a forma como os idosos vivem. Sendo a principal responsável pela comunicação oral, ela é fundamental para as interações sociais, conexões com a família, atividades de lazer que utilizam a voz e, principalmente, para expressar desejos, necessidades e sentimentos.
O Hospital Paulista de Otorrinolaringologia, localizado na capital, chama a atenção para os sintomas que podem servir de alerta para o mau-funcionamento vocale tendem a ser confundidos com manias de uma idade avançada.
Conforme o Dr. Rui Imamura, otorrinolaringologista que atende no Centro Especializado em Laringe e Voz do Hospital Paulista, a voz sofre, de fato, algumas alterações com o passar dos anos, mas é necessário estar atento a possíveis sinais de um problema mais grave. Rouquidão progressiva, pigarros constantes e diminuição da potência vocal podem identificar doenças e lesões, como pólipos, edema de Reinke, atrofias das cordas vocais e até câncer na laringe.
De acordo com o especialista, estudos sugerem que, após os 60 anos, cerca de 50% dos distúrbios vocais no idoso podem representar doenças que, quando não são diagnosticadas, tendem a evoluir, podendo prejudicar a saúde da pessoa por obstrução respiratória progressiva, aspiração e pneumonias e tumores malignos.
"Além disso, por conta das situações envolvendo a falta de comunicação, o mau-funcionamento vocal pode levar à diminuição da autoestima, isolamento social, ansiedade e depressão", destaca.
O especialista explica que, apesar dos efeitos negativos que os distúrbios vocais causam à população geriátrica, eles são frequentemente negligenciados e não relatados pelo próprio idoso. Dessa forma, cabe aos familiares e cuidadores detectarem as alterações e orientarem a busca por um diagnóstico e tratamento adequados.
SINTOMAS
Os principais sintomas dos distúrbios da voz no idoso manifestam-se em forma de rouquidão, fadiga ao falar, diminuição da potência vocal, dificuldade no canto, aumento de secreção nas vias respiratórias, tosses e pigarros.
"A voz frequentemente baixa, como se estivesse sempre dando algum conselho de sabedoria, ou aquele pigarro excessivo do idoso que, de tão repetitivo, mais parece um TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), não são manias da idade, mas sim sinais de que algo não está bem com a saúde vocal", alerta.
O pigarro crônico pode estar associado tanto a problemas simples, como refluxos, como a mais graves, como câncer. "O sintoma deve ser investigado, principalmente se associado à rouquidão, dores ao engolir ou falta de ar."
Manter o corpo hidratado e sono
reparador, são dicas de prevenção
Ter uma voz saudável está diretamente ligada ao bom desempenho do organismo como um todo. Por isso, Dr. Rui Imamura, otorrinolaringologista que atende no Centro Especializado em Laringe e Voz do Hospital Paulista, explica que hábitos como manter o corpo hidratado e dormir bem, mantendo uma noite de sono reparadora, ajudam a conservar uma boa saúde da voz.
Os cuidados com a alimentação também são essenciais. "Pacientes que sofrem de refluxo comumente apresentam rouquidão. Manter uma dieta saudável pode ajudar neste controle", ressalta.
Segundo o especialista, o uso de agentes nocivos como o cigarro e o álcool devem ser evitados pois podem causar problemas sériosà voz, bem como ao restante do organismo. Ambos são os principais fatores de risco para o câncer de laringe, que tende a ocorrer a partir dos 60 anos de idade.
TRATAMENTOS
O tratamento dos problemas vocais pode envolver uso de medicações, fonoterapias ou até mesmo cirurgia das cordas vocais. Segundo o médico, por meio do diagnóstico e tratamento adequados, pelo menos 2 entre 3 pessoas acometidas por alguma doença podem ter melhora da voz.
"Os distúrbios vocais nos idosos não devem ser menosprezados jamais. Pelo contrário, eles sempre precisam ser investigados. Quando notamos a diminuição da visão, procuramos um oftalmologista. Com a voz deve ser feito o mesmo. À medida que um sintoma se torna frequente, é necessário buscar um otorrinolaringologista", finaliza.