De acordo com a Sociedade de Pediatria, a obesidade é atualmente considerada uma epidemia global, devido a sua crescente prevalência.
A campanha Setembro Laranja: Combate à obesidade infantil, promovida pela Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) e organizada pelo Departamento Científico de Nutrição da SPSP, visa conscientizar a comunidade médica e a população em geral sobre a importância do consumo de uma alimentação saudável em casa e nas escolas, bem como estimular a prática de atividades físicas e esportivas entre crianças e adolescentes.
Segundo Rosana Tumas, presidente do Departamento de Nutrição da SPSP e coordenadora da campanha, a importância do Setembro Laranja se deve ao fato de que a obesidade é atualmente considerada uma epidemia global, devido a sua crescente prevalência.
"Além de reduzir a qualidade e a expectativa de vida, predispõe ao aparecimento de doenças, como diabetes, hipertensão, asma, alterações ortopédicas, doenças cardiovasculares, gordura no fígado e alguns tipos de câncer, sem contar com os inúmeros transtornos psicossociais que podem acompanhá-la", alerta a pediatra e nutróloga.
Conforme explica Claudio Barsanti, coordenador das Campanhas da SPSP, a obesidade infantil traz sérios riscos à saúde de crianças e adolescentes, estando relacionada com o desenvolvimento de doenças metabólicas que, uma vez instaladas, podem ser acompanhadas e cuidadas, porém não mais evitadas.
"E o problema não se restringe apenas ao ganho ponderal, mas de todas as comorbidades associadas a esse ganho, como hipertensão arterial, diabetes tipo 1, comprometimento das articulações (pelo excesso de peso), além dos prejuízos que não se resumem somente às condições clínicas, mas que também podem impactar na saúde mental e na vida social dessa população, que pode sofrer com bullying e depressão", afirma.
Rosana diz que a herança genética contribui em 70% para o aparecimento da obesidade, entretanto, fatores como o consumo de alimentos ultraprocessados, o estresse e o sedentarismo também são relevantes no ganho de peso.
"E a estratégia terapêutica é muito difícil, pois envolve mudanças comportamentais e de hábitos não só do paciente, mas da família como um todo, o que dificulta muito a aderência ao tratamento", esclarece a especialista.
Rosana Tumas afirma ainda que a prevenção sempre será a melhor maneira para contornar esse grave problema de saúde pública. Para ela, os órgãos públicos, por sua vez, têm também um papel importante na prevenção da obesidade infantil e devem atuar na promoção do aleitamento materno, criando condições para que este ocorra por tempo mais prolongado, "além de melhorar a nutrição da população pediátrica e promover a atividade física no ambiente escolar e fora dele", diz.
"Por meio desta importante campanha, a SPSP está empenhada para que os índices de obesidade sejam drasticamente reduzidos, por isso reforçamos aos pediatras que abordem o tema com seus pacientes e familiares em suas consultas, com a apresentação dos riscos e fatores ligados à doença", aponta Barsanti.
O especialista salienta que os pediatras também devem dar orientações para uma alimentação saudável e para a prática de uma atividade física ideal e direcionada a cada faixa etária. "Tudo isso é fundamental para que se evite o aumento de peso e, consequentemente, repercussões tardias e graves na saúde futura dos nossos pacientes", conclui.