Nem pandemia nem ameaça nuclear, nem inflação, provocaram uma reflexão sobre o que nos interessa.
Como só pensa 'naquilo', a classe política brasileira mostra-se menos preocupada com a invasão russa na Ucrânia que com a própria campanha eleitoral. Enquanto mais uma vez o combustível sobe nos postos – para qualquer coisa vírgula 999 – a população recebe saraivadas de notícias desencontradas, até pelo 'boca-a-boca'; em quem confiar?
Nem uma das mais perigosas ações contra a estabilidade do planeta, noticiada na madrugada de sexta-feira (4), – o bombardeio russo contra a segunda maior usina nuclear do mundo – parece ter desviado a atenção da constatada queda de popularidade do ex-presidente Lula frente à de Jair Bolsonaro. Segundo nova pesquisa de certo instituto, 'os petistas que corram para rever suas estratégias cabalísticas difíceis de serem entendidas por observações normais'.
Mesma indiferença para com a confirmação pelo STF de quase R$ 5 bilhões para o fundo eleitoral, dinheiro mais volumoso do que o destinado para 99% dos municípios brasileiros. Análise ligeira, aprovação rápida e a dinheirama já pode ser despejada na conta dos partidos. Nem pandemia nem ameaça nuclear, nem inflação ou bloqueio de contas russas nos bancos da comunidade europeia provocaram uma reflexão sobre o que nos interessa para o futuro – melhor dizendo: para o presente.
Aliás, em matéria de notícia menos ruim, o governador João Doria (PSDB) possivelmente vai liberar o uso das máscaras em ambientes abertos a partir de quarta-feira, em São Paulo. Com certeza isto irá se confirmar. Afinal pouco sobrou para ele poder recuperar dividendos à custa da Covid-19, que parece perder força ante a ameaça maior das ogivas nucleares.
Assim funciona, infelizmente, a cabeça de nossas lideranças. Tal qual a ONU (Organização das Nações Unidas) parece tentar apagar com baldinhos de água o fogaréu da ameaça à paz mundial que se desenha no horizonte. Resta, para o governador, que numa nova realidade, não muito distante, todos sintamos saudade de termos sido obrigados a usar máscaras e ficarmos um pouco mais de tempo em casa.
É a nossa opinião.