Por Redação em Sábado, 15 Julho 2023
Categoria: Editorial

Apostando no perdão

Órgãos de controle financeiro anunciaram que 74% das famílias brasileiras (milhões de pessoas) continuam inadimplentes.  

Tempos atrás, diante da crise de inadimplência por que passava a população brasileira, um deputado federal da região anunciou projeto de lei que tencionava apresentar na Câmara: todos os devedores em atraso por 90 dias ou mais teriam suas dívidas perdoadas condicionalmente.

Assim, o nome do agraciado ficaria 'limpo' e ele poderia novamente comprar a crédito sem recusas. Porém, se tornasse a ficar inadimplente, voltaria a ter a dívida antiga somada à nova; ficaria 'desperdoado' e só limparia o nome se pagasse todo o débito – novo e antigo.

A ideia do deputado não vingou à época. Acharam-na incentivo ao calote, injustiça para com o bom pagador etc., e ele desistiu da proposta. Recentemente, entretanto, começaram a surgir ofertas a devedores, variáveis nos detalhes, porém com a mesma finalidade. Bancos, outras entidades financeiras e Serasa passaram a oferecer bons acertos, e só não liquida dívidas antigas quem não quer.

Esta semana, porém, fomos surpreendidos com a proposta apresentada no Legislativo Federal que perdoa centenas de ex-candidatos dos últimos pleitos – eleitos ou não –pelas dívidas de campanha (incluindo multas e penas decorrentes) contraídas de maneira irregular usando dinheiro público; uma afronta escancarada aos que agiram corretamente e com respeito ao dinheiro dos pagadores de impostos.

Coincidentemente, os órgãos de controle financeiro anunciaram que 74% das famílias brasileiras (milhões de pessoas) continuam inadimplentes. Teriam deixado passar tempo demais para que criassem mecanismos para solucionar a questão? Seria melhor ter aprovado a tal proposta do deputado da região?

As situações são diferentes, mas se aprovado o perdão para candidatos que não cumpriram as regras para gastos do dinheiro de campanha, está-se premiando quem lidou de maneira irresponsável com dinheiro público e, pode conferir, ninguém mais vai prestar contas dessa verba de maneira correta, pois apostará no futuro perdão que certamente virá.

É a nossa opinião. 

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