A onipresença dos problemas demonstra que o sistema inteiro é realmente utópico e impraticável.
O SUS (Sistema Único de Saúde) completou 32 anos, e ainda existem pessoas esperançosas de que um dia funcionará às mil maravilhas. Enquanto a miragem nunca é alcançada, o modelo socialista estimula o desperdício, é ágil como um bicho-preguiça e demonstra-se fadado ao fracasso de cabo a rabo, debalde esforços isolados de zelosas autoridades e muitos valorosos servidores públicos que o dirigem e compõem.
No SUS, toda segunda-feira é dia do Festival do Atestado, com filas desnecessárias na recepção, enquanto pacientes com cânceres potencialmente curáveis se tornam terminais pela morosidade de exames (quando disponíveis), agendamentos e diagnósticos, para desespero dos oncologistas, que fazem o possível para dar tratamento adequado a esses casos graves.
Nem se alegue que a culpa é dos gestores locais. Na verdade, a onipresença dos problemas demonstra que o sistema inteiro é realmente utópico e impraticável, pressupondo um modelo idealizado de sociedade humana, permeado de valores como responsabilidade, honestidade e solidariedade, além de ser naturalmente custoso.
A quantia per capita anual que os entes municipais, estaduais e federais gastam com o SUS daria para o usuário ter o mais belo plano de saúde disponível no mercado e ainda comprar os medicamentos mais avançados para seu tratamento de saúde, além de dinamizar toda a rede hospitalar e de prestadores de serviço, eliminando o intermediário estatal, o maior fator concentrador de renda.
Uma simples entrega de insulina para diabéticos, o que deveria ser uma das atividades mais corriqueiras do SUS, obriga periodicamente os cidadãos jacareienses a viajar até Taubaté (80 km, ida e volta), em plena segunda década do século XXI, para pegar o refil. Essa situação está em desacordo com a legislação vigente.
O artigo 198, I, da Constituição prevê que as ações do SUS sejam realizadas de forma descentralizada, assim como o artigo 7º da Lei n° 8080/90 prevê atuação articulada entre os diversos serviços públicos, com ênfase no atendimento municipalizado do enfermo. Insulina para diabético ser da farmácia estadual já é dose, e obrigar miseráveis maomés irem até tão distante montanha é ainda pior. Uma verdadeira desumanidade, que merecia proporcionar cadeia aos idealizadores.