Por si só, o Diário de Jacareí preenche páginas importantes da saga da mídia local, com impressionante acervo secular.
Na semana do aniversário da cidade, o Diário de Jacareí publica sua última edição impressa. Certamente, um marco na história da imprensa afonsina, que, doravante, se rende ao progresso implacável da era digital.
Por si só, o Diário de Jacareí preenche páginas importantes da saga da mídia local, com impressionante acervo secular, mantido com todo o zelo por seus sucessivos proprietários, com destaque para o atual, jornalista Angelo Ananias.
As unhas de distintas senhoras devem ser impecáveis, das quais é inimiga declarada a tinta preta desprendida dos jornais impressos. Talvez aí a cria de Guttemberg tenha assinado sua sentença de morte. No mundo moderno, não se deve mexer com as mulheres.
Todavia, eis aí um crime que não se pode imputar ao Diário de Jacareí. Nos primórdios, seu exemplar primava pela cor azul. Foi o notável Ananias que, de volta da Capital, trouxe o avanço das páginas coloridas, com preponderância das cores municipais e de seu time do coração.
Tudo isso para afirmar que as páginas do DJ eram exemplarmente secas, não soltam a famigerada tinta preta, tão temida pelos delicados e assépticos dígitos das damas pelo Brasil afora. Ou melhor, não soltavam, pois daqui em diante ficarão nas glórias do passado.
O Diário de Jacareí reuniu, nos últimos anos, o mais seleto time de colunistas concebível na região, com dissertações políticas, cinematográficas, jurídicas, históricas e biográficas, um tesouro semanalmente dedicado à população local.
O jornal continuará sendo editorado no formato convencional, desta feita sob versão digital. Além disso, o veículo irá estimular ainda mais seu portal de notícias, criado em 2008, além de suas redes sociais. Alarga-se o alcance: das bancas e padarias nativas, abre-se ao Estado, ao País e mundialmente.
As páginas não ficaram superadas. Existe muito a fazer: back-up em diferentes sítios de armazenagem segura, digitalização integral do acervo, doação ao Arquivo Histórico Municipal, formação de memorial. Aos jornais, oxalá, resta o charme retrô dos discos de vinil.