Dr. Nelson permaneceu 23 anos à frente da função de promotor público aqui, sobretudo por amor à profissão.
No final de semana passado, toldou Jacareí a notícia do falecimento do promotor de justiça Nelson Garcia Rosado, o mais longevo titular de cargo de toda a história centenária local.
Dr. Nelson permaneceu 23 anos à frente da função de promotor público aqui, sobretudo por amor à profissão, já que boa parte deles com tempo suficiente para se aposentar com proventos integrais.
Fervoroso na fé cristã, notabilizou-se pelos atos de caridade. Bondoso e paciente, atendia diariamente em seu gabinete longas filas de desvalidos sedentos pelas mais diversas demandas materiais básicas.
Homem culto, ostentava vasto cabedal jurídico e estilo redacional clássico, o que lhe valeu por mais de uma vez o prêmio estadual de Melhor Arrazoado Forense do Ministério Público.
Sua popularidade extrapolava os limites municipais e até mesmo regionais. Dr. Nelson era conhecido nacionalmente. Em paradas distantes, bastava se dizer de Jacareí para mandarem um abraço a ele.
Esses recados eram sucedidos de variadas histórias de gratidão, pessoas ricas e humildes que não se esqueciam da palavra amiga, consolo espiritual e mão estendida que Dr. Nelson lhes houvera oferecido.
Outrora soldado patriota da liberdade nacional, pela qual lutou com braço forte, e até dono de jornal na Alta Araraquarense, nos últimos anos de trabalho aquela figura de barba hirsuta ganhou contornos messiânicos.
Não é lenda: o sexto sentido dele ajudou até a desvendar crimes bárbaros.
Malgrado a inamolgável riqueza curricular, Dr. Nelson evitava exercer prerrogativas de decanato. Ao contrário, era generoso com os novos colegas que periodicamente chegavam na comarca.
Pessoa de hábitos simples e extremamente educada, apreciava gravar coletâneas de bom gosto musical, fotografar flores e presentear os amigos com cópias dos álbuns que formava ao longo do tempo.
Dr. Nelson espalhou sementes de justiça. A maior banca de advocacia afonsina humanitária é de seu antigo estagiário. A decania recorde mudará de mãos, em 2024. Mas só no calendário, mercê de sua chama insuperável de idealismo.