Além dos jogos propriamente ditos, o que passa a fazer a história de cada torneio são seus bastidores.
Antigamente, cada Copa do Mundo tinha sua identidade visual bem definida, seja pelo local ou época em que foi disputada. Atualmente, com o excesso de detalhamento nos protocolos técnicos da Fifa, a Copa do Mundo parece atemporal e universal. Assim, além dos jogos propriamente ditos, o que passa a fazer a história de cada torneio são seus bastidores.
A Copa do Catar será lembrada principalmente pela divergência cultural entre os hábitos corrompidos ocidentais e o exagero ortodoxo islâmico daquele pequeno e abastado país do Oriente Médio. Alemanha e Dinamarca ficaram mais focadas em protestar que jogar bola, e, por isso, acabaram voltando para casa prematuramente.
O torneio também foi marcado pelo ocaso dos grandes craques intermináveis, justamente pelo peso da idade. Messi caminhou em campo a maior parte do tempo, guardando fôlego para relembrar lampejos de sua ossiânica trajetória. Cristiano Ronaldo foi parar na reserva e Daniel Alves ficou no banco sob desconfiança de boa parte da torcida.
Neymar sofreu com a truculência adversária e foi criminosamente lesionado. Seu discípulo Vinícius Júnior padeceu diante dos censores do 'Bife de Ouro', mas tem personalidade descomplicada e não deu eco às críticas.
Por falar em verrinas, Casagrande armou o maior barraco, brigou com todo mundo e parece mais descontrolado que no auge da adição química. Tomara que uma coisa não tenha a ver com a outra e ele tenha definitivamente se livrado do vício.
Já os boletins médicos indicam que Pelé não reage mais ao tratamento químico, mas permanece firme e forte no hospital. Torce incondicionalmente pela Seleção Brasileira e é o cara legal de sempre, mandando suas mensagens majestosas de apoio aos grandes craques do presente ludopédico.
Dentro de campo, a Pátria de Chuteiras entusiasma os espectadores com futebol ofensivo, dinâmico e moderno, a ponto de tirar o técnico da sisudez. Tite imitou o pombo, em homenagem ao artilheiro da equipe. O melhor jogador brasileiro no campeonato-relâmpago até o instante foi Casemiro.
O jovem joseense, além de bom de bola, dá entrevistas com desenvoltura e lucidez, atributos evidentemente adquiridos ao longo de sua vivência profissional num país monárquico.