Dizem que o maior de todos os medos é a visita irremediável da Dona Morte.
Por mais que avance em tecnologia e ciência, a Humanidade é permeada de sentimentos, atitudes e reações primárias. O medo caminha ao lado de nossa raça, desde seu surgimento na crosta terrestre.
Para permanecerem a salvo de predadores, os primeiros hominídeos dormiam no alto das árvores. Mais tarde, ao abrigo das cavernas, a fogueira afugentava as trevas, que até hoje amedrontam as crianças.
Dizem que o maior de todos os medos é a visita irremediável da Dona Morte. No entanto, uma pesquisa britânica surpreendeu o mundo ao revelar que essa impressão coletiva é equivocada.
Segundo ela, a situação mais temida pelas pessoas é falar em público. A gente acanha-se, a timidez predomina, muitos sentem-se expostos à frente da plateia atenta, ou menosprezado por eventual incompreensão.
Outra situação apavorante para considerável contingente é o contato visual ou físico com insetos e pragas urbanas em geral. Em reação instintiva de defesa, o organismo manifesta repulsa sanitária.
Esses exemplos levam a crer que, de um lado, uma boa saída seria o enfrentamento paulatino da situação apavorante. É o que se chama de tratamento behaviorista.
Firme nessa missão, o paciente pode até crescer pessoalmente e atingir um efeito de lazer e diversão com o desafio: é o caso de quem transforma o medo de altura em passeio de asa-delta.
Doutra banda, alguns medos precisam ser respeitados, pois todos os leitores têm limites. Várias situações assim acabam protegendo a vítima da tragédia. Infelizmente, é considerável a estatística fatal de fotógrafos de si mesmos, que se arriscam em busca de paisagens de tirar o fôlego.
Existem, ainda, medos inevitáveis. Estamos sujeitos a eles, malgrado desejemo-los a todo custo evitar. É o que ocorre diante da criminalidade nos grandes centros urbanos mundiais.
Juristas laxistas, filósofos pacifistas, lideranças revolucionárias e entusiastas piedosos das mais variadas formas de vadiagem apenas recrudescem o árduo enigma da convivência social.
É tanto medo, que nem dá tempo de refletir: o de morrer acaba adiado para o fatídico dia da visita da magra. Poucos percebem que o mundo piora à medida que se relativiza o medo do juízo final.