Esses trabalhos de arte-raiz valeram-lhe o título de 'Mestre da Cultura Viva de Jacareí', outorgado pela Fundação Cultural José Maria de Abreu.
Num papel por sobre a mesa,/ A caneta inconsciente/ Parecia tremular/ O momento num repente,/ Surgiu verso inspirado/ Num assunto diferente. Começam assim os versos do cordelista Antônio Rodrigues Cardoso, o Tony Cardoso, em 'A revolta do sal', que conta a saga do jacareiense Bartolomeu Fernandes de Faria. Em 1710, revoltado com a retenção do produto no porto de Santos para manter o preço alto, Faria reuniu um grupo armado e foi pessoalmente buscar o sal impedido de chegar por aqui.
Tem mineiro no pedaço,/ Tem mineiro no pedaço./ Onde tem uma turminha/ Não pode ter embaraço,/ Só se fala coisa boa?/ Tem mineiro no pedaço. Estes, ele compôs letra e música em parceria com Terezinha, do 'Duo Martins', casal de músicos sertanejos fundadores do 'Clube da Viola' (hoje componentes do 'Mutirão da Viola). Com Sebastião, ele compôs 'Saudades do Interior', também cantado pelo Duo: Eu tenho muita saudade do interior/ Dos colegas lá da roça/ do povo trabalhador/ que tem a mão calejada/ e derramando suor/...
Esses trabalhos de arte-raiz valeram-lhe o título de 'Mestre da Cultura Viva de Jacareí', outorgado pela Fundação Cultural José Maria de Abreu. Quarta-feira (10), Tony parou de escrever cordéis, de compor letras para amigos violeiros, de participar da Academia Jacarehyense de Letras, e de conviver com a família que tanto amava. Morreu aos 73 anos por várias complicações de saúde, porém em paz com a vida e estimado por todos.
O ex-trabalhador da GM, ex-funcionário da Fundação Cultural de Jacareí e, sobretudo, mestre da cultura viva reverenciado na cidade pela qual fez tanto, deixa a esposa Márcia e três filhos: Viviana, Renato e Cleber. Seu grande número de amigos e admiradores são unânimes em afirmar que a morte de Tony Cardoso deixa também a cidade mais triste, porém com a certeza de que ele deu o melhor de si para que ela se tornasse mais humana e feliz.