A Terra está arrasada. 95% da população mundial morreu. Os 5% que restou não sai mais de casa. Todos têm medo de se deparar com o que está lá fora.
A Terra está arrasada. 95% da população mundial morreu. Os 5% que restou não sai mais de casa. Todos têm medo de se deparar com o que está lá fora. Você se engana se pensa que me refiro a esta já gasta e cansada pandemia da covid-19. O tema da coluna é o filme 'Amor e Monstros', lançado em abril pela Netflix e que explora todos os clichês e metáforas infantis dos filmes de terror e fantasia dos anos 80 e 90.
Títulos como 'História Sem Fim', 'Caça-Fantasmas', 'Homens de Preto' e 'Marte Ataca' são alguns dos quais o diretor Michael Matthews se inspirou para realizar esta obra. Na trama, 7 anos após o Apocalipse Monstro, Joel (Dylan O'Brien), bem como o resto da humanidade, vive no subsolo desde que criaturas gigantes assumiram o controle da terra (na maioria, insetos que sofreram mutações e ficaram com 10 metros de altura, por exemplo).
Depois de se reconectar pelo rádio com sua namorada do colégio, Aimee (Jessica Henwick), que agora se encontra a 135 km de distância, Joel decide, contra toda a razão, se aventurar em busca da moça, apesar dos monstros perigosos que estão em seu caminho. 'Amor e Monstros' possui vários códigos fáceis de se decifrar. Um deles é o altar à coragem.
Fica subentendido que as pessoas devem se mostrar ao invés de se esconder por perigos que ela acha que são impossíveis de se enfrentar. Numa das cenas, o protagonista fala exatamente isso aos demais, e é desestimulado a continuar com seus 'sonhos'. Visto pelos colegas como 'inútil' e que 'trava' em instantes primordiais, o menino se desafia por um amor que ele nem sabe se ainda gosta dele.
O diretor explora bem as nuances das referências e transforma seu filme num acumulado de 'mas', que talvez seja até proposital, dado o exagero que os filmes 'de monstros melequentos' de outrora tinham. Pode soar como uma fita que leva esperança e ardor, - mas - seus sobressaltos e lugares-comuns engolem o blocked. No frigir dos ovos, termina como algo bem 'bobo' e meio chinfrim, no mínimo. Duração: 119 minutos. Cotação: regular.