Por Rodrigo Romero em Sábado, 13 Agosto 2022
Categoria: Coisas de Cinema

'Pacto Brutal: Daniella Perez'

O caso comoveu o país. A renúncia de Collor, naquele mesmo dia, ficou em segundo plano. 

Cabeça fria, estômago forte: recomendo 'Pacto Brutal: O Assassinato de Daniela Perez' (HBO Max). Os diretores Tatiana Issa e Gutto Barra não economizaram: exibiram fotos do corpo da atriz, morta aos 22 anos (28/12/1992) por Guilherme de Pádua e Paula Thomaz.

O caso comoveu o país. A renúncia de Collor, naquele mesmo dia, ficou em segundo plano. Daniella integrava 'De Corpo e Alma', novela das 8 escrita pela mãe, Glória, assim como Guilherme. Ela era Yasmin. Ele, Bira, que a paquerava (o papel seria de Alexandre Frota e acabou no colo de Guilherme).

O documentário revela bastidores (Raul Gazolla, marido da vítima, quebrou a sala do velório ao descobrir quem a matara; a luta da mãe em investigar sozinha por causa da 'preguiça' da polícia; o comportamento da imprensa, querendo dar a entender que Daniella tinha 'culpa') e desdobramentos, com entrevistas bem conduzidas e direção de arte de encher os olhos. Glória pediu e a produção não gravou com os assassinos. Ainda bem.

Nos anos 90 o Brasil vivia crise do crime –sequestros, latrocínios. A Lei de Crimes Hediondos tentou 'amenizar', mas era inconsistente: cobria calamidades que envolviam patrimônio. Se alguém entrasse numa casa e matasse o gato de estimação dos donos era hediondo – se o mesmo sujeito, na rua, tirasse a vida de outrem, não era: não envolvia 'patrimônio'.

Nos hediondos, a pena era cumprida 100% em regime fechado –condenado a 25 anos ficaria os 25. A morte de Daniella, portanto, não era hediondo. Glória juntou 1,3 milhão de assinaturas, foi a Brasília e em maio de 1994 conseguiu com que deputados (menos os da esquerda) incluíssem o homicídio qualificado na categoria.

Durante anos o PT tentou derrubar. Em 2006, 3 ministros do STF recém-nomeados por Lula revogaram isso e consideraram inconstitucional a não-progressão de regime aos criminosos hediondos.

Não havia como retroagir, claro. Pádua, preso em 1993, condenado a 19 anos (se fosse mais de 20 poderia recorrer – era 'praxe' juízes darem menos de 20), cumpriu 6 – solto em 1999, hoje é pastor evangélico. Paula, idem (formou-se em Direito tendo como professor o promotor do caso!). Duração: 322 minutos (5 episódios). Cotação: ótimo. 

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