No governo do conservador Ronald Reagan (1981-89), os EUA se transformaram numa fábrica de montagem de longas que escrachavam 'o inimigo'.
Com o recente ataque da Rússia à Ucrânia, e a posição dos EUA de condenação ao ditador Putin, muitos começaram a se lembrar da influência do cinema na 'batalha pela verdade'. Se nos anos 40, com a II Guerra, as telonas mostravam vilões alemães, japoneses e italianos, a partir das décadas seguintes, principalmente as de 60 e 80, explodiram no Tio Sam roteiros com histórias que deixavam claro a repulsa do país à potente União Soviética.
No governo do conservador Ronald Reagan (1981-89), os EUA se transformaram numa fábrica de montagem de longas que escrachavam 'o inimigo'. Quem tem mais de 45, 50 anos, se lembra, por exemplo, de 'Rocky 4' (1985), quando o personagem de Sylvester Stallone sobe no ringue contra Ivan Drago (Dolph Lundgren), o russo que matou Apolo Creed (Carl Weathers), e se recorda de 'Superman 4: Em Busca da Paz' (1987) – o herói eternamente interpretado por Christopher Reeve impede que o 'Homem Nuclear' (caricatura dos soviéticos com ameaça da bomba) exploda o planeta a mando de Lex Luthor.
20 anos antes, 1964, Kubrick, com 'Doutor Fantástico', mostrou esquisitices e comicidades dos líderes da Guerra Fria e obsessões deles em relação a armamentos bélicos. Ousou num tom de perigo quase igual ao de Chaplin quando filmou 'O Grande Ditador' (1940), com a II Guerra nos primeiros passos e com Hitler com a corda toda para concretizar o seu plano de dominar a Terra.
Se alguém apertasse o botão vermelho, tanto lá na URSS como nos EUA, não seria surpresa. 'Mr. Gorbachev, open this gate. Tear down this wall', disse Reagan em 12/6/87 ('Sr. Gorbachev, abra este portão. Derrube este muro'). Há 35 anos exatamente, dividido politicamente em Bloco Oriental, comunista, e Bloco Ocidental, capitalista, o planeta vivia a Guerra Fria, liderada por EUA e URSS.
O símbolo mais marcante do confronto era o Muro de Berlim. Por conta das comemorações dos 750 anos da cidade, Reagan visitou Berlim Ocidental e discursou. Foi aí que pronunciou tais palavras, num palco montado na beira do 'Muro da Vergonha' e do então interditado Portão de Brandemburgo. Adivinhem qual lado ficou vazio quando o muro ruiu?