David Lynch morreu aos 79 anos. Na infância, o filho do pesquisador de agricultura e professora de inglês queria ser pintor.
David Lynch morreu 4 dias antes de completar 79 anos. No próximo 20 de janeiro, chegaria aos 80. Na infância, o filho do pesquisador de agricultura e professora de inglês queria ser pintor. Estudou para tal. Envolvido com artes plásticas, realizou alguns curtas-metragens nas décadas de 1960-70. Mergulhou na Sétima Arte misturando cores, cenários bizarros, personagens ambíguos e aos montes.
Quem é fã da filmografia se acostumou com ambientes estranhos (vejam 'O que Jack fez?', 2016, Netflix, onde ele 'interroga' um macaco!), caóticos, enredos cheios de reviravoltas (ele odiava explicar os desfechos dos trabalhos). Para espanto geral, sua biografia não abarca traumas. Ao contrário. Os grandes movimentos foram as mudanças de endereços, acompanhando os pais. Fora isso, teve criação sob preceitos da religião presbiteriana. Viajou à Europa por 15 dias para achar inspiração ao seu ofício nos pincéis. Voltou desiludido, para desgosto dos pais.
Algumas curiosidades: espécie de amálgama de Salvador Dali e Luis Buñuel (confessou nunca ter assistido a qualquer longa deste último – o filme predileto era 'Mágico de Oz', 1939), calcado no surrealismo estridente, costumava, na adolescência, passada na Filadélfia, na companhia de amigos, frequentar necrotérios (tornou-se 'parça' dos funcionários, que lhe deram 'passe livre' nas salas onde os corpos eram guardados); era exímio montador de móveis e luminárias; assim como Chico Anysio (1931-2012), admitiu que o único arrependimento foi o de ter fumado em demasia (morreu de enfisema pulmonar); em demasia também era o consumo de xícaras de café por dia – 20 (com o passar dos anos precisou ser diminuída); era também produtor, compositor e cantor.
No Oscar, concorreu 3 vezes a diretor (1981 – 'Homem Elefante', 1987 – 'Veludo Azul' e 2002 – 'Cidade dos Sonhos') e uma a roteiro adaptado ('Homem Elefante'). Não obteve sucesso nas disputas. Porém, na festa de 2020, conquistou a estatueta pelo conjunto da obra. Na TV, consagrou-se com 'Twin Peaks', a melhor série – ganhou Globo de Ouro por ela em 1991.