'Águas Profundas' é o 13º trabalho do diretor Adrian Lyne, que há duas décadas não filmava.
Ben Affleck e Ana de Armas formam casal de relacionamento aberto, pelo menos para ela, em 'Águas Profundas' (2022). Ele, renomado benfeitor, oferece jantares à esmo e ficou famoso por uma idiossincrasia qualquer. Não quer respingos em seu matrimônio e, por isso, topa que a esposa, alcóolatra, tenha outros casos. Difícil compreender por escrito? Na tela não fica mais palatável. Pai zeloso, Vic (Affleck) preserva a filha pequena que, claro, tem olhos tapados no quesito 'cerca pulada' da mãe, que flerta com rapazes na frente do marido e amigos.
'Águas Profundas' é o 13º trabalho do diretor Adrian Lyne, que há duas décadas não filmava. Aos 82 anos, completados em 4/3, tem no currículo praticamente só longas-metragens cujo tema é a libido-sensualidade da mulher, com protagonistas lindíssimas, como Ana de Armas (escrevi semana passada acerca de 'Blonde', onde interpreta Marilyn Monroe de forma magistral, apesar de o filme ser péssimo). Na lista de fitas de Lyne com suas musas, todas então no auge da beleza, estão: 'Infidelidade' (2002, Diane Lane), 'Lolita' (1997, Dominique Swain), 'Proposta Indecente' (1993, Demi Moore), 'Atração Fatal' (1987, Glenn Close) e '9 ½ Semanas de Amor' (1986, Kim Basinger).
Neste 'Águas Profundas', em determinada altura do roteiro, os amantes de Melinda começam a desaparecer de maneira estranha – o espectador sabe o motivo. Porém, do meio ao fim, há buracos na história. O desfecho descamba ao lugar-comum, sem graça alguma. Não vemos, por exemplo, exploração psicológica de Melinda e Vic e o que os levou a se comportarem num jogo de traições e provocações escancaradas.
A produção, idem, ficou a desejar. Tem-se a impressão de que foram realizadas refilmagens e alterações drásticas no script – o filme trocou de estúdio no meio do caminho, por conta do conteúdo pornô-soft, o que pode explicar confusões de algumas cenas. Affleck, coitado, parece que estava forçado no set, com a impressão de que já havia passado por aquele tipo de trabalho – quem assistiu a 'Garota Exemplar' (2014) imagina sobre o que me refiro. A película nos presenteia com o, repito, encanto deslumbrante de Ana de Armas. E é só. Mais nada. Duração: 115 minutos. Cotação: ruim.