Anúncio foi feito pela empresa durante reunião com o Sindicato dos Metalúrgicos, na manhã desta quinta-feira (5).
A montadora chinesa Caoa Chery anunciou o fim de sua linha de produção dos modelos de veículos fabricados em Jacareí, em sua unidade no distrito Parque Meia-Lua (região norte). O anúncio foi feito por representantes da empresa durante reunião com o Sindicato dos Metalúrgicos, na manhã da última quinta-feira (5), e confirmado pela empresa em nota (ler nesta página).
Segundo o presidente da entidade, Weller Gonçalves, com a decisão, todos os 370 metalúrgicos da produção de Jacareí seriam demitidos. A empresa informou também que pretende dispensar mais da metade dos funcionários do administrativo, setor que hoje conta com 230 trabalhadores na planta. O restante do efetivo (de um total de 600 funcionários) seria remanejado para outras unidades da montadora.
A empresa justifica a medida como uma reestruturação, afirmando que os modelos atuais deixarão de ser fabricados na unidade. A fábrica produz em Jacareí os modelos Tiggo 3 e Arizzo 6.
MEMÓRIA
A unidade fabril de Jacareí, que começou a ser construída em 2011, foi inaugurada em 28 de agosto de 2014 com a promessa na ocasião de geração de até 3 mil novos postos de trabalho no município, marca jamais atingida. Em 2017, metade da operação da montadora chinesa no Brasil foi comprada pelo Grupo Caoa.
Empresa diz que parada é 'temporária'
Em nota enviada no início da tarde de quinta-feira (5), a Caoa Chery informou que a parada da unidade fabril de Jacareí é 'temporária'. De acordo com a empresa, a suspensão das atividades tem como objetivo ajustar os processos produtivos da planta para novos modelos com tecnologias híbridas e elétricas, visando a modernização e atualização das linhas de produção.A empresa diz ainda que seguirá prestando atendimento integral aos clientes dos modelos fabricados em Jacareí, mantendo total assistência técnica, garantias, peças e serviços em suas mais de 140 concessionárias localizadas em todas as regiões do País.
EMPREGO
Em relação aos funcionários da planta de Jacareí, a empresa confirma que está em negociação com os representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região para a definição de um 'pacote de indenização suplementar', além do regular pagamento das verbas rescisórias legais, "seguindo o seu compromisso de respeito aos trabalhadores", finaliza.
Prefeitura tenta construir 'mesa de
negociação' para reverter situação
Prefeitura de Jacareí e Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região se reuniram na tarde de sexta-feira (6) no Paço Municipal. O encontro contou com a presença do prefeito Izaias Santana (PSDB), membros da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e representantes do Sindicato dos Metalúrgicos.
O ex-prefeito Hamilton Mota (PT), que inaugurou a fábrica da Chery em 2014 e chegou a viajar para a China para conhecer a matriz da empresa em duas ocasiões, lamentou o anúncio do fechamento da unidade de Jacareí. "Lamento profundamente essa decisão. Espero que a prefeitura busque o apoio do Governo do Estado e lute para reverter esse quadro. Isso significa mais seiscentas pessoas desempregadas", enfatizou.
O evento de inauguração contou com a presença do então vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB); do então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB); prefeito de Jacareí, Hamilton Mota (PT); embaixador da China no país, Li Jinzhang; entre outras autoridades e diretores da montadora no Brasil e na China.
SERVIÇO
RAIO X DA CHERY
ÁREA
A Chery, primeira indústria automotiva de Jacareí, foi construída no distrito do Parque Meia-Lua (região norte), e ocupa uma área de 1.000.000 m². Com uma construção de 400 mil metros quadrados, divididos em áreas de montagem, soldagem e pintura, a montadora também tem uma pista de testes.
NÚMEROS
A Chery investiu US$ 400 milhões na construção da nova fábrica e outros US$ 130 milhões em uma unidade de produção de motores. A produção comercial dos veículos teve início em dezembro de 2015 e chegou ao mercado no começo de 2016. No primeiro ano, a previsão era produzir 50 mil unidades e depois, 150 mil.
Sindicato realiza assembleia para
tentar evitar demissões na Chery
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região promoveu na sexta-feira (6) uma assembleia para discutir o rumo que a categoria pretende tomar na tentativa de evitar o fechamento da fábrica e a demissão de trabalhadores da Caoa Chery, conforme anúncio feito pela empresa na quinta-feira (5).
Cerca de 200 funcionários – a maioria da linha de produção de veículos – estiveram reunidos em frente à subsede da entidade, em Jacareí. Logo depois do ato, eles saíram em passeata pelas ruas da cidade e foram até a Prefeitura Municipal. Eles querem que o prefeito Izaias Santana (PSDB) intervenha nas negociações para a garantia dos empregos, com a proposição e aprovação de um projeto de lei que proíba o fechamento da fábrica.
A proposta dos trabalhadores da Caoa Chery prevê cinco meses de layoff e estabilidade até janeiro de 2023. A medida ainda depende de negociação entre sindicato e empresa, que ainda não se manifestou oficialmente sobre o tema. As partes deverão se reunir na semana que vem.
ACAMPAMENTO
Como parte da campanha pela preservação dos empregos e manutenção da fábrica na cidade, os trabalhadores iniciaram um acampamento em frente à montadora.
"Não vamos permitir que a Caoa Chery, que foi amplamente privilegiada com benefícios fiscais, simplesmente demita os trabalhadores e feche a fábrica na cidade. Vamos fazer uma grande campanha contra esse total desrespeito aos trabalhadores e à população de Jacareí, que certamente sofrerá forte impacto com essa medida. Assim como fizemos na Avibras, onde conseguimos reverter as 420 demissões, vamos lutar com toda força em defesa dos empregos na Caoa Chery", afirmou o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.