Atitudes semelhantes praticadas como 'normais' por altos cidadãos da República espalham o 'vírus da desonestidade'
A canalhice da semana fica por conta do escândalo revelado na quarta-feira (1º). Um grupo de cidadãos teria recebido indevidamente os R$ 600 do auxílio emergencial do governo, destinados a ajudar pessoas sem meios de sobrevivência na atual crise. Uma lista elaborada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) mostra aposentados, servidores públicos de alto salários e pessoas mortas como suspeitos do ato.
Na lista dos que receberam 'ajuda' estão aposentados do Banco Central, da Justiça Federal e de outros órgãos governamentais que recebem salários mensais variáveis de R$ 25 mil a R$ 50 mil. O levantamento aponta 17 mil pagamentos indevidos em nome de pessoas mortas, 235 para empresários de alto rendimento, dentre outros. O prejuízo com as fraudes poderá ultrapassar a casa de R$1,3 bilhão.
A falta de ética – para dizer o mínimo – e a certeza da morosidade dos julgamentos que levam à impunidade são os grandes incentivadores desses milhares de procedimentos repugnantes. Também atitudes semelhantes praticadas como 'normais' por altos cidadãos da República espalham o 'vírus da desonestidade' como verdadeira 'pandemia do poder podre'.
Ainda no século passado, surpreendeu a 'farra do leite das crianças', em que o 'vale-leite' era trocado por cigarro ou pinga nos estabelecimentos credenciados a entregar o alimento. Depois veio o 'escândalo da merenda escolar'; recentemente o desvio de auxílio ao combate do Covid-19 e por aí deve prosseguir a festa das hienas.
Na sexta-feira (3), para mostrar que julho é 'um mês como qualquer outro', o senador José Serra (PSDB-SP) recebeu a 'visita' da Polícia Federal que vasculhou sua casa cumprindo mandado de busca e apreensão. Motivo: certo processo em que ele e sua filha Verônica são investigados pela 'Operação Lava Jato' por denúncia de lavagem de dinheiro de empreiteira quando ele foi governador de São Paulo. Como se vê, ontem e hoje (e sempre?!) o exemplo vem de cima, e de todos os lados.
É a nossa opinião.