Se vencer a pessoa errada, serão quatro anos de atraso, dificuldades e - não raro - corrupção
Esta semana, a equipe de três parlamentares de Brasília concluiu, em levantamento próprio, que das cerca de 175 mil mulheres candidatas a vereadora, perto de 5 mil (3%) são 'laranjas'. Ou seja, participarão do pleito para que o partido complete a cota exigida.
A prática fraudulenta é antiga, o que facilitou o estudo. Negada por partidos, a checagem evidencia que desde 2012, quando passou a ser exigido o número mínimo por sigla de 30% de candidatos mulheres ou homens, elas em maioria, são usadas como 'laranjas'. Basta seguir o rastro das 'votações de um dígito' (que receberam de 0 a 9 votos em eleições passadas) e entrevistar as candidatas, pois elas repetem a prática a cada pleito.
As recompensas às praticantes são, em sua maioria, promessas de emprego nos legislativos ou nas prefeituras nas quais o partido tenha influência. O curioso disso são os movimentos feministas 'ferozes' em outros tipos de desrespeito à mulher, sequer se manifestarem quanto ao laranjal.
Há uma ligação entre o desinteresse do eleitorado quanto à política e à função exata do político o qual ele elege. Um voto errado seu pode prejudicar a si e a sua família no mínimo. Desinteresse, aliás, alimentado pelos próprios aproveitadores do poder, para se manterem no cargo e cultivarem um 'laranjal'.
A propósito, o inédito debate promovido pelo Diário de Jacareí na noite de quinta-feira (12), em ambiente totalmente virtual, mostrou o quanto ainda precisamos progredir para escolher com segurança um simples representante municipal. A prática adotada pela maioria foi destruir a reputação de quem despontar como possível vencedor; haja fake news!
Se vencer a pessoa errada, serão quatro anos de atraso, dificuldades e – não raro – corrupção. Precisamos todos distinguir que em novembro começa sim no Brasil a safra da laranja, mas da laranja verdadeira. Temos, por amor a nossos filhos, a obrigação de saber distinguir uma 'da outra'.
É a nossa opinião.