Enquanto isso, vão-se perdendo documentos importantes, fotos e relatos orais de pessoas que se vão
Jacareí não tem museu que conte sua história. O MAV (Museu de Antropologia do Vale do Paraíba) existe para estudar as origens, evolução, desenvolvimentos físico, material e cultural, características raciais, costumes e crenças do homem vale-paraibano como um todo desde muito antes da existência do município.
Porém, documentos, peças de valor artístico e objetos que norteiem estudos desde quando povoado, vila e depois cidade não estão disponíveis à visitação. Aliás, há cerca de um mês foi que o próprio MAV passou existir de fato. Até então, não havia lei específica que o amparasse. Portanto, para a comunidade museóloga nacional, o solar do coronel Gomes Leitão era apenas uma velha casa clamando por reforma, construída pela controvertida figura do lendário escravagista.
Esse assunto vem à tona em meio às lamentações pelo incêndio que devorou o Museu Nacional do Rio de Janeiro na noite do último domingo (2) e, com razão, alerta-nos para a necessidade de botarmos as 'barbas de molho' por aqui.
Portanto, ainda não temos museu que conta a origem de Jacareí e sua travessia por esses mais de 360 anos, mas temos pistas a serem seguidas. Existe, entretanto, um projeto de criar o nosso 'Museu da Cidade' , que está sendo desenvolvido por entendidos locais. Ele ocuparia o histórico prédio dos 'Quatro Cantos' que foi propriedade do médico Pompílio Mercadante, mas sem perspectivas de viabilização.
Enquanto isso, vão-se perdendo documentos importantes, fotos e relatos orais de pessoas que se vão, pois a morte não tem paciência com trâmites burocráticos.
Que o incêndio do Nacional não seja em vão. Quando se vê que a simples correção do brasão-símbolo da cidade, ora em andamento, abre espaço para indesejáveis exposições de egos, é um risco muito grande dar em nada um projeto muito maior que resulte num museu que verdadeiramente preserve nossas origens como cidade.
É a nossa opinião.