Ao invés de termos um plano de segurança eficaz contra incêndios para qualquer situação, 'priorizamos atendimentos'
Quem pesquisa pela Internet conhece este teste: 'Você dirige um bondinho que perde o freio numa ladeira. Metros à frente, cinco homens trabalham na manutenção dos trilhos e não percebem a avaria; morrerão atropelados. Aí, você vê uma bifurcação que permite mudar o trajeto do seu tresloucado coletivo; então surge o problema:
Na linha do desvio trabalha um homem que não percebeu o perigo e morrerá esmagado. Que você faria? 'Condenaria' um à morte para salvar cinco? Ou deixaria o destino cumprir a própria escolha? ' Sua resposta revelará seus princípios morais.
Esse teste é antigo, mas até hoje não há opinião unânime quanto à providência correta a ser tomada; 'no máximo gambiarras morais', dizem os estudantes de filosofia.
No domingo passado (13) ocorreu novo incêndio no terreno abandonado vizinho ao Edifício Liberdade, na Avenida Santos Dumont, região central. O fogo, distante um metro do estacionamento de 40 carros, dispostos lado a lado em 100 metros extensão ao longo do muro que separa o terreno do edifício (que também inclui o depósito de gás), comeu solto por quase duas horas. Os bombeiros chegaram 1 hora e 10' depois de chamados. Priorizaram outro sinistro, justificaram. O vento soprou forte para o lado oposto onde há um estacionamento do SAAE com 20 veículos. Como se vê a própria ventania teve de priorizar o lado correto de levar as labaredas.
Vivemos assim. Ao invés de termos um plano de segurança eficaz contra incêndios para qualquer situação, 'priorizamos atendimentos'; prendemos milhões em casa, quebramos empresas, destruímos lares e desempregamos pais de famílias para não entupirmos uma rede de saúde despreparada para acúmulo de emergências; torcemos para que governos que não gostamos erre o mais possível para 'queimá-lo' numa futura tentativa de reeleição mesmo que isto nos custe tiros no pé por brincarmos de 'guerrilha urbana'. Gambiarras.
É a nossa opinião.