Ficou patente, mais uma vez, que a melhor ação do presidente em ocasiões delicadas é aprender ficar calado
Com meio milhão de infectados no mundo pelo novo Coronavírus, os Estados Unidos passando a campeão global de casos;¬ Espanha e Itália com números assustadores de óbitos e sem espaços em UTIs, não poderia passar em branco algumas manifestações públicas do presidente nesta semana.
Bolsonaro disse que a pandemia 'não é isso tudo que a grande mídia propaga' e que não deveriam ter paralisado os transportes, fechado comércio e escolas, e confinado em massa seus cidadãos. Para ele, o que estão fazendo alguns governadores e prefeitos é um crime, 'pois outros vírus mataram mais e não houve essa comoção toda'.
Exibiu-se exortando o que seria seu histórico de atleta: 'se eu fosse contaminado nada sentiria, ou seria acometido, quando muito, de uma gripezinha ou resfriadinho'. Na quinta-feira (26), o Coronavírus marcava um mês de presença no Brasil com um saldo de 2.915 pessoas infectadas e 77 mortes.
Quem deveria liderar a reação de enfrentamento do que está por vir é justamente quem provocava insegurança maior com o que dizia e desdizia. A reação foi imediata. Políticos, profissionais de saúde e cientistas, dentre outros, protestaram em entrevistas a jornais, TVs, redes sociais e panelaços.
À revelia da fala infeliz do presidente tomaram a decisão de seguir, sim, as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde que aconselham, como principal medida, o isolamento social. A razão é: o Brasil deve atingir o pico da doença em 7 de abril, daqui a duas semanas, ou seja: ainda vamos passar pelo pior momento de países infectados pelo vírus.
Ficou patente, mais uma vez, que a melhor ação do presidente em ocasiões delicadas é aprender ficar calado. Governadores e prefeitos tomaram as rédeas e vão agir por eles próprios como entenderem ser melhor para a população. Uma espécie de 'desobediência do bem'. E agora, Jair?!
É a nossa opinião.