Encerrada a batalha eletiva municipal, por entre os escombros morais dos embates '100% adrenalina' que envolveram os concorrentes ao trono afonsino, erige-se a cidade do amanhã.
Do resultado preciso das urnas eletrônicas, é possível divisar conclusões claras a respeito do perfil do eleitorado jacareiense e algumas tendências ditadas por fatores locais e externos.
Como esperado, a disputa efetiva pelo cargo de prefeito cingiu-se ao burgomestre e o primeiro morubixaba da dinastia do proletariado, que comandou Jacareí com mãos de ferro, por mais de uma década e meia.
Traçado o paralelo com a previsibilidade da Fórmula Um, restava saber quem chegaria em terceiro, logo após a dobradinha da Mercedes. Sagrar-se-ia o vencedor do segundo pelotão.
Assim, embora aparentemente derrotado, quem se cacifou como bom de urna entre os obrigados a votar foi aquele que soube, à lente do homem comum, expor com didatismo político sua ótica original.
A reeleição virou quase uma certeza pelo Brasil afora. Só não ocorre em gestões desastrosas. O cidadão prefere não trocar o certo pelo duvidoso. Em âmbito local, confirmou-se por ampla margem.
Já o segundo colocado fez o possível e não se saiu de todo ruim. Sua legenda partidária sofreu grande desgaste político nos últimos anos, a questão financeira pesou e falta carisma aos conterrâneos apoiadores.
Mesmo assim, fruto de seu passado como pessoa pública, obteve respeitável percentual. Pode ter sobrevida política, mas terá de se reinventar durante o próximo quadriênio.
Quanto ao restante, no fim da festa da democracia, faltaram acepipes e drinques de sufrágio, dado o surgimento desproporcional e excedente de penetras.
Em admirável mescla, que mais soava um rodízio concertado, a sobra foi distribuída fraternalmente entre novatos conservadores e veteranos socialistas, em ordem decrescente.
Malgrado ressentido o burgomestre com a suposta ingratidão de apóstatas consolidados, tais feridas foram suavizadas pelo bálsamo do diálogo, aplicado com desvelo pela cordial oposição.
Na sexta-feira que vem, o reeleito apresentará o novo secretariado. A escalação é aguardada com expectativa pelo meio político. A escolha certamente ditará rumos além de questões administrativas.
A política é um jogo de xadrez. O tabuleiro é manejado estrategicamente.