A época é propícia para lembrar dos soldados paulistas que participaram da Revolução Constitucionalista de 1932, já que a data é comemorada no domingo (9). Lá se vão 85 anos, e com eles a memória dos que lutaram pela causa constitucionalista. Sem dinheiro, sem treinamento, sem apoio da maioria, sem armamento suficiente e sem vitória bélica, conseguiram o presente ideologicamente belo: o Brasil teve a constituição pela qual são Paulo sacrificou vidas e juventudes.
Esta lembrança não é pelos fins a que o movimento de 1932 se propôs, e sim pelo restabelecimento da verdade de quais foram esses fins, antes que a memória se perca de vez. Existe ainda a controvérsia quanto à verdadeira causa.
Há no país um chamamento para recuperação de fatos históricos, perfis urbanos e verdadeiras histórias das cidades, para que façamos jus aos que nos antecederam e para que eles sejam brindados com o direito de ter a própria existência fielmente registrada para sempre.
O Vale do Paraíba foi palco do mais sangrento dos confrontos da revolução de 1932. Jacareí teve pelo menos três filhos brilhantes sacrificados, o sargento Acrísio Santana, Gabriel Soares e Pedro de Souza Ramos, nomes que muitos só conhecemos pelas placas das ruas.
Viveu na cidade, colaborou profundamente com ela e a amava intensamente o então general Euryale de Jesus Zerbini, que participou do conflito como tenente integrante de um destacamento considerado como o "vanguarda de 32". Zerbini comandou esse grupo e com ele sofreu todas as dificuldades, inclusive com a demora da adesão de comandos aliados deste Vale do Paraíba.
Passou frio, fome, perigos e solidão com os soldados em vários pontos do "front", inclusive no mais decisivo deles, o túnel de Passa Quatro, que liga São Paulo a Minas Gerais por via férrea. Mais tarde, logo depois do golpe que instituiu no Brasil o governo militar, Zerbini sofreu outro revés com sua patente de general cassada pelos militares. Como general, fora comandante de brigadas em Caçapava, Quitaúna e Lorena. Morreu em 1982 aos 74 anos.
Na vida civil, foi diretor da Indústria de Papel Simão, em Jacareí, hoje Fíbria.