Foi no tempo em que o então prefeito Antônio Nunes de Morais Júnior havia mandado demolir o antigo prédio do Colégio Antônio Afonso e corriam boatos de que o casarão da Rua XV de Novembro, que foi residência do alferes João da Costa Gomes Leitão, teria o mesmo destino. Era década de 1970, em que jovens intelectuais reuniam-se para discutir problemas da cidade, principalmente os da cultura. O Brasil ainda era "o País do Futuro".
Um desses jovens, o filho brilhante Osmar de Almeida, mostrava-se preocupado com tais boatos. O solar Gomes Leitão, construído no século 19 e símbolo valeparaibano do poderio cafeeiro da época, não poderia virar sucata. Osmar reuniu amigos que tinham a mesma preocupação e convenceu-os da necessidade de discutir uma saída para aquela ameaça.
Daí, nasceu a ideia da criação de um museu que cuidasse com eficiência da preservação da memória da cidade. Jacareí possuía um passado de respeito. Havia sido a "Athenas Paulista", pela qualidade do ensino da primeira metade do século passado, e havia achados arqueológicos que reforçavam a sugestão. O museu deveria registrar a passagem do homem não apenas de Jacareí, mas de todo o Vale do Paraíba já que toda região apresentava características que justificavam isso.
Assim nasceu a ideia que mais tarde concretizou-se como Museu de Antropologia do Vale do Paraíba. Osmar foi o pai da ideia e um dos maiores articuladores para torná-la realidade. Inclusive, fez várias gestões junto a autoridades da área, como a museóloga Waldisa Rússio Camargo Guarnieri, da USP, respeitada internacionalmente que de pronto concordou em colaborar.
Osmar não está satisfeito. No início deste século, há 17 anos, o MAV fugiu à finalidade a ponto de tornar-se apenas um prédio, uma lembrança e um foco de cupins. Há promessas de que vai ser recriado, em breve, como museu de verdade, que possa vir a tornar-se de grande projeção nacional. "Vontade, competência, conteúdo e um passado que justifique a empreitada, existem", explica Osmar. Resta-nos a esperança de que haja o entendimento hoje de que somos o passado das gerações de amanhã, às quais cabe-nos mostrar que pensamos nelas.