Na última segunda-feira (28/10), foi comemorado o Dia do Funcionário Público. A data coincide com o Dia de São Judas Tadeu, um dos santos de maior devoção do povo brasileiro, o padroeiro das causas impossíveis. Bem justo - muitos servidores fazem o possível para ajudar a desenvolver a sociedade.
Embora o feriado fosse apenas destinado aos titulares de cargo, muitos comarcanos observaram que a cidade ficou vazia e praticamente parada, em função da referida efeméride. Triste constatação, que remonta à instalação de nossa megera e madrasta República.
O escritor Laurentino Gomes, em sua obra 1889, trouxe à baila dado relevante: uma das críticas que a mocidade republicana da Escola do Exército na Praia Vermelha (incitada por seu proselitista professor Benjamin Constant) fazia ao Segundo Reinado era sobre o excesso de funcionários públicos. Havia 5,4 servidores para cada mil brasileiros.
Entretanto, como todo o mais no Brasil, o cabide de emprego evidentemente se agravou, e muito, após o fatídico XV de Novembro. De 5 em 1000 passamos para 12 funcionários públicos a cada 100 habitantes.
Bom, isso em 2013, quando o livro foi publicado, pois notícia de 2018 aponta crescimento de 83% na quantidade de agentes públicos, nos últimos vinte anos. Ou seja, atualmente, na melhor das hipóteses, a cada cinco brasileiros pelo menos um tem seu carguinho financiado pelo contribuinte.
A situação extrapola nosso aprazível burgo. O mais recente editorial da Tribuna de Iguape revela que a principal fonte de renda da 'Princesa do Litoral' não é mais o turismo, suplantado pelos holerites de seus moradores no funcionalismo municipal, estadual e federal.
Malgrado o crescimento vertiginoso desse contingente profissional, boa parte dos serviços é terceirizada, como ocorreu na recente construção do nosso teatrão e da UPA Central.
Esses prédios custaram uma fábula. A sala de espetáculos apresenta vazamentos generalizados pelo teto e a farmácia do nosocômio necessitará entrar prematuramente em reforma. Uma lástima. Já que não colocam propriamente a mão na massa, os funcionários públicos do setor de engenharia municipal deveriam ao menos fiscalizar adequadamente a atividade dos alarifes (muito bem remunerada, diga-se de passagem).