Na edição passada, a coluna destacou alguns pontos de interesse turístico em nossa cidade. Abordar o potencial de protagonismo jacareiense no cenário mundial foi premonitório, como comprovado pelos acontecimentos que agitaram a sociedade local, ao longo da semana que passou.
Jacareí é tema recorrente nas mais seletas rodas da intelectualidade brasileira e seus encantos povoam o imaginário de celebridades em busca de redenção espiritual e prazeres sublimes. Mais uma evidência disso foi o vídeo de Leo Lins que pervagou aplicativos de mensagem instantânea e redes sociais.
Referido comediante ostenta fama nacional, graças ao conúbio de sua rutilante inteligência com as filustrias anedotais de seu repertório. Quem foi ao show dele na cidade, na última quinta-feira (20), conferiu de perto a acuidade desta análise.
Prescindir de incentivos estatais para desenvolver seu trabalho cultural é louvável. A mensagem promocional customizada envolveu Jacareí e atingiu a meta de chamar a atenção do público para o espetáculo. Dobrou-se o número de sessões e todos os assentos foram vendidos.
Alguns consideraram as piadas do vídeo discriminatórias e humilhantes. Travestis tiveram imagem exposta sem prévia autorização, a reforma do brasão foi ridicularizada, relacionou-se o progresso da urbe à desonestidade doutro ilustre munícipe, marginalizou-se um bairro periférico como foco criminoso, dentre várias abordagens apartadas do politicamente correto.
Desconhecedor da realidade local, Lins certamente se valeu de dados fornecidos por jacareienses. Assim, na realidade, seu recado reflete a autocrítica e visão de mundo da comunidade.
Enquanto alguns sintetizam como preconceito e exclusão social, outros alegam justificada reação de costumes contra a violência e a deterioração moral que transformaram a sociedade em refém. Depende da visão ideológica do espectador.
Pela estatística de críticas e elogios reunidos em ambientes virtuais, constata-se que a ampla maioria gostou do recado do artista e se divertiu com ele. Sábio e feliz é o povo que consegue rir de si próprio. A índole jacareiense é acolhedora.
Mas uma constatação beira a unanimidade: os citadinos até tolerariam correção de detalhes técnicos, porém repudiam mudança no brasão municipal. A identificação popular com o símbolo histórico deveria ser respeitada pelas autoridades e sumidades.