Meu sonho era ter um gato amarelo. Uma vez, quase tive. Cheguei a levar pra casa, mas as vagas estavam preenchidas. Hospedei-o até a adoção, que surgiu rapidamente. Pessoas adoram gatos amarelos.
Pouco entendo de felino. Demorei quarenta e cinco anos para aprender que gatos amarelos são machos. São encantadores. Nos Estados Unidos e Japão, o gato é o bicho de estimação favorito, superior ao número de cães.
Lastimo a existência de gatos abandonados. Na rua, muitos sofrem crueldade por parte de pessoas supersticiosas que não gostam deles. Ironicamente, nas barbas da sede da Vigilância à Saúde, existe um terreno repleto de gatos de rua. Sobrevivem graças à caridade de uma senhora que os alimenta.
Por obra de nosso bom Deus, a aceitação social dos gatos é paulatinamente maior. Anos atrás, visitei um hotel em que uma gata de rua parira uma ninhada no jardim. Exausta de amamentar e faminta, ela buscava nutrição no restaurante da hospedaria, porém era enxotada pelos funcionários, dava dó. Voltei recentemente lá e o hotel mudou de postura - gatos que aparecem por ali são castrados, alimentados diariamente pela administração e circulam na área comum sem restrições. O estabelecimento informa na recepção que passou a adotar a prática da responsabilidade animal.
Há diversos estacionamentos em torno do aeroporto de Cumbica. O mais estruturado deles chama-se BR Express. Quatro andares, van luxuosa para transporte dos clientes entre estacionamento e plataforma de embarque, e conta até com elevador. A recepção tem seu gatinho de estimação, que confere charme especial ao ambiente. Amarelinho, preguiçoso, gorducho e adora ganhar chamego da clientela. O previsível nome dele é Garfield.
O gato é um animal silencioso, higiênico e dá pouco trabalho ao dono. Assim, é o bicho ideal para convívio comunitário nas áreas de trabalho, ajudando a humanizar as relações com o público e diminuindo os fatores de estresse que afetam os funcionários. Seria conveniente que fosse adotado em mais comércios e repartições públicas, a fim de amansar a ferocidade daqueles (alguns) atendentes tão cordiais quanto o temível Cérbero, o cão de guarda dos portões do inferno.