Jacareí sofreu grande perda neste Carnaval, com o falecimento dos próceres Thereza Porto Marques e Moacir Bento Sales Filho. Descansam na morada do Pai e deixam exemplo edificante de cidadania, com incansável trabalho que realizaram pela educação, cultura, justiça, desporto e jornalismo afonsinos. Merecem todas as homenagens póstumas e as que receberam em vida.
Entretanto, outra triste morte, ocorrida poucos dias antes, comoveu a cidade. Uma idosa atropelada em plena faixa de pedestres. Realmente lamentável, pois esta área é considerada sagrada para segurança do caminhante, em países sérios e adiantados.
A preferência do pedestre na sua faixa é medida de obediência à lei, humanização do trânsito, zelo amoroso do cidadão pela sua comunidade, ato de respeito ao próximo e um marco civilizatório conquistado pela população de Jacareí, que nos diferencia e eleva perante os municípios vizinhos.
Peca o ensino de habilitação veicular, que prepara o futuro condutor para manobras técnicas e memorização de placas, porém não examina noções mínimas de cidadania e responsabilidade que o interessado deve reunir para ser autorizado a dirigir. Nas mãos de um despreparado, qualquer ônibus, caminhão, carro ou moto pode se transformar numa arma fria e enlutar famílias.
O respeito ao pedestre na faixa, em Jacareí, é uma realidade construída pouco a pouco por muitos obreiros sociais. Promotoria, Conselho do Idoso, OAB, Lions, Sest/Senat. Uns sozinhos, outros pactuados; alguns dando o exemplo, outros ganhando inspiração.
O sucesso do movimento social espontâneo de proteção da faixa de pedestres contagiou até a impermeável dinastia do proletariado, que, bem ao seu genótipo, nos impôs as famigeradas lombadas bombadas. Talvez aí esteja o primeiro erro, substituir o entusiasmo da livre-iniciativa pelo sufocante autoritarismo estatal.
As faixas elevadas desvalorizam o significado das demais áreas de travessia de pedestres. Quem é obrigado a parar na lombadona, inconscientemente se sente desobrigado a frear na faixa de pedestres rebaixada.
Que sirva como lição de humildade para a nova Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (de quem, aliás, se espera uma nova pintura na apagada sinalização horizontal), pois dependemos essencialmente do apoio da sociedade para ganhar uma faixa de pedestres de primeiro mundo.