Esta coluna é grata às bancas de Jacareí. Graças a elas, boa parte de seus leitores é nutrida. Chamá-las de bancas de jornal é incompleto, pois não vendem apenas jornal. Nomeá-las bancas de revistas estaria igualmente aquém, não oferecem só revistas. A banca é um ponto de cultura.
Nossas bancas são quiosques metálicos concentrados na região central da cidade. Seus nomes em letras brancas figuram ao alto, em painéis padronizados de fundo vermelho, resquício da utopia revolucionária que dirigiu a cidade com mãos de ferro por longo período.
Bancas são naturalmente atraídas por padarias. Um cafezinho puxa um jornal, talvez. A da Praça da Matriz é uma grande referência e, para quem ainda tiver vitrola em casa, vende interessantíssimos discos de vinil em excelente estado de conservação.
Outra tradicional banca está há poucos quarteirões abaixo, no Largo do Riachuelo. A simpatia e o tirocínio do vendedor são grandes trunfos do estabelecimento, que assim compensa o assédio dos mendigos da praça sobre a clientela.
A banca próxima à Padaria Pontual tem na facilidade de estacionamento um atrativo imbatível. Aliando-se à praticidade, para quem tem pouco tempo disponível, ali é o lugar ideal para uma compra rápida, pois o responsável é de uma eficiência invejável, sem contar o catálogo selecionado de DVD.
Já a banca postada ao fundo do posto de combustíveis da rotatória do Jardim Flórida com a Rua Padre Eugênio é decerto a mais colorida, bonita, organizada e ostenta a clientela fiel mais alegre de Jacareí, com clima interiorano e conteúdo de metrópole.
É de se lamentar que o consumidor afonsino não desfrute de uma mísera banca que seja no próspero bairro Villa Branca. Descontadas todas as vantagens da internet, nada substitui o fetiche do material impresso para um bom apreciador da leitura. A imperdoável lacuna merece ser revista, pois a burguesia também merece ser feliz.
Finalmente, depois de tantos elogios e afagos, emerge merecida crítica: é lastimável que bancas jacareienses só funcionem até o horário de almoço no domingo. Quem criou essa regra decerto ignora como é bom fazer palavras cruzadas no meio das tardes vazias.